TEOLÓGICOS - 01 - PODEMOS AFIRMAR QUE SÓ O DEUS DOS CRISTÃOS É VERDADEIRO? (Augustus Nicodemus)

Consideramos que esse Deus único se deu a conhecer por meio do evangelho de Cristo
Publicado em 05/03/2023

É bastante comum ouvirmos pessoas não cristãs dizerem que não importa o deus que se segue, o importante é acreditar em seu deus. Em vista disso, por que nós, evangélicos, temos tanta certeza de que o Deus a quem servimos é o único Deus? Por que podemos afirmar que o Deus dos cristãos é o autêntico Criador dos céus e da terra? Como garantir que não há outro? Comecemos lembrando que há basicamente dois tipos de religião no mundo: as politeístas, que acreditam na existência de muitos deuses, e as monoteístas, que defendem haver apenas um Deus. As politeístas compreendem as religiões dos antigos impérios do Egito, da Síria, da Mesopotâmia, da Grécia, da China, da Índia e de outros locais da Ásia, onde predominava a ideia de que há muitos deuses responsáveis pelo surgimento da vida. Alguns sistemas religiosos consideram haver até mesmo divindades geradas por outros deuses e que têm alguma relação com elementos de nosso universo material, como rios, montanhas e planetas. Uma das caracteríscas dos deuses concebidos por religiões politeístas é que são nada mais que uma classe especial de homens e mulheres com poderes sobrenaturais, tanto que muitos nham relações sexuais com seres humanos e geravam descendentes. No politeísmo, acreditava-se também que essas divindades convivem harmoniosamente, isto é, nenhum deus é exclusivo. Assim, o indivíduo poderia adorar Baal, Moloque e Ísis ao mesmo tempo. Por outro lado, há as religiões monoteístas. As três principais são o judaísmo, o islamismo e o crisanismo. Porém, a concepção de Deus em cada uma delas é bem diferente. Para esclarecer por que nós, evangélicos, cremos que o nosso Deus é o verdadeiro, é importante ler o que Paulo escreveu em Romanos, tratando exatamente desse assunto. Ele começa dizendo o seguinte:

 

Pois não me envergonho das boas-novas a respeito de Cristo, que são o poder de Deus em ação para salvar todos os que creem, primeiro os judeus, e também os genos. As boas-novas revelam como Deus nos declara justos diante dele, o que, do começo ao fim, é algo que se dá pela fé. Como dizem as Escrituras: “O justo viverá pela fé”. (Romanos 1.16-17)

 

Com essas palavras, Paulo diz que Deus revela sua justiça no evangelho, ou seja, nas boas notícias de que o Pai nos amou e mandou seu Filho, Jesus, para morrer pelos nossos pecados. Assim, consideramos que esse Deus único se deu a conhecer por meio do evangelho de Cristo e deixou claro que somos nascidos em pecado e merecedores da condenação. Por sua misericórdia, porém, ele nos deu seu Filho para o sacrifício na cruz. O Filho se ofertou em nosso lugar, ressuscitou ao terceiro dia, está à direita do Pai e virá para julgar vivos e mortos. Paulo continua:

 

Assim, Deus mostra do céu sua ira contra todos que são pecadores e perversos, que por sua maldade impedem que a verdade seja conhecida. Sabem a verdade a respeito de Deus, pois ele a tornou evidente. (Romanos 1.18-19)

 

Aqui, o apóstolo diz que Deus manifestou sua ira entre os homens, em uma referência à consciência da humanidade. Fica claro, então, que existe uma revelação do Deus verdadeiro na consciência de todos os seres humanos. O que Paulo quer dizer é que todo indivíduo tem entendimento de que existe um Deus, e que esse Deus está irado porque os homens distorcem a verdade e adotam a mentira. Outra revelação presente nesse trecho de Romanos vem logo a seguir:

 

Por meio de tudo que ele fez desde a criação do mundo, podem perceber claramente seus atributos invisíveis: seu poder eterno e sua natureza divina. Portanto, não têm desculpa alguma. (Romanos 1.20)



O que Paulo está dizendo é que, pela natureza, o ser humano se dá conta de que há um Deus preexistente e distinto do mundo natural criado. A natureza não surgiu por obra do acaso. Por trás da realidade, há um poder único, inteligente, maior, que deu origem a todas as coisas. Ao estudar os deuses das religiões politeístas, fica evidente que são mais humanos que divinos: eles brigam, perseguem, odeiam uns aos outros, são incoerentes e falhos. É impossível que o mundo tão milimetricamente equilibrado em que vivemos tenha sido elaborado por deuses desse tipo. Há, portanto, um poder inteligente, imenso e infinito por trás de todas as coisas, uma realidade que o apóstolo ressalta ao dizer que as pessoas são indesculpáveis quando não acreditam nesse Deus. Ele prossegue: 

 

Sim, eles conheciam algo sobre Deus, mas não o adoraram nem lhe agradeceram. Em vez disso, começaram a inventar ideias tolas e, com isso, sua mente ficou obscurecida e confusa. Dizendo-se sábios, tornaram-se tolos. Trocaram a grandeza do Deus imortal por imagens de seres humanos mortais, bem como de aves, animais e répteis. (Romanos 1.21-23)



Aí está a origem do politeísmo. É explícita a referência de Paulo às religiões idólatras que adoram animais e deuses feitos à imagem humana, além de quaisquer outros elementos da criação. O apóstolo deixa claro que o politeísmo idólatra é um desvio da revelação original de que existe apenas um Deus Criador de todas as coisas. Portanto, o politeísmo é uma perversão do monoteísmo, e não o contrário, como muitos cientistas e fenomenologistas da religião querem nos fazer acreditar. O politeísmo é a perversão da revelação original de que há um Deus, o Criador dos céus e da terra, que nos formou à sua imagem.



Fonte: Nicodemus, Augustus. Cristianismo bem explicado: respostas claras para um mundo confuso. - São Paulo: Mundo Cristão, 2020, p.35-39.

 

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